A Arte em José Teixeira Ribeiro não se pode dissociar da sua forma de viver. Tendo vivido extraordinárias experiências, construiu um percurso recheado de momentos marcantes, fulcrais para adquirir a maturidade da introspecção, da auto-análise crítica, o que teve como consequência que se aproximasse de uma praxis vizinha das doutrinas Wabi-sabi japonesas, que aliam sábios ensinamentos budistas à transformação da visão global que passa a ser eminentemente estética, mas também ética.
Cruza o mundo, assiste à sua evolução, ou à sua involução, fenómeno que o incomoda particularmente. É desta vivência que deriva a sua necessidade de se exprimir plasticamente, a sua necessidade de reflectir através da Arte.
A tradição nipónica Wabi-sabi, influencia as obras, que a cada momento, vão sendo mais experimentais, num olhar que realça uma contenção, uma naïveté deliberada, que permite encontrar o Belo na imperfeição ou nas próprias marcas do tempo, numa atitude de enorme serenidade que transformou o autor, incrementando a sua compreensão e fruição do mundo e que se estendeu até a actos tão simples como a própria forma de ver ou de respirar. Nas instalações e obras que agora podemos fruir, José Teixeira Ribeiro partilha projectos que permitem múltiplas leituras, mas que nos obrigam sempre a questionar a nossa postura perante o mundo que nos envolve.
Paulo Morais-Alexandre
Professor do Ensino Superior, investigador e ensaísta. Regente das cadeiras “Problemas da Arte Contemporânea” e “História da Arte” na Escola Superior de Teatro e Cinema. Doutor em Letras, especialidade de História da Arte pela Universidade de Coimbra. Pró-presidente para as Artes do Instituto Politécnico de Lisboa.